Sombra

De uns dias para cá, a Valentina grudou em mim. Se não está no meu colo, está segurando nas minhas pernas enquanto eu ando e pedindo para eu pegá-la. Rabicho é pouco! Não é nada fácil fazer as coisas mais simples sem tropeçar nela. Toda madrugada ela aparece ao meu lado na cama. Já aprendeu a subir pelo criado-mudo e bobeou ela tá lá, de conchinha. Amo, né? E beijo, beijo e beijo. Mas não acho certo. Não sei se ela está sentindo algum medo, se está batendo o cíumes do Antonio ou se é graça mesmo. O fato é que está no limite entre ser bonitinho e ser sufocante. Não basta estarmos no mesmo ambiente. Se não estiver grudada ela não sossega. Se digo que estou pertinho ela alega que se não consegue encostar em mim é porque não estou perto. Até no banheiro ela quer ir junto. É mole??
Sei que daqui alguns anos vou morrer de saudades desse chamego todo. Quando ela tiver mais velha e quiser que eu pare na esquina das festinhas para descer do carro ou ficar com vergonha de me dar as mãos para atravessar a rua. E se não quiser me dar um beijo em público? Ou quando soltar aquele " me deixa em paz" beeem aborrescente?
Pode grudar filhinha, fica aqui bem pertinho da mamãe. Aproveita e me dá um beijo. Isso, linda. Agora desce do meu colo porque eu quero fazer xixi!!

Ps. Algúem aí tem um palpite onde ela está enquanto eu escrevo??